Wellington Silva nega ser salvador e revela bronca: 'Tá doido, Bernardo?'
Apontado pela polícia como a pessoa que evitou assassinato do jogador do Vasco, lateral do Flu revela abalo do amigo. Atletas terão que depor
- Nasci no Complexo da Maré, meus familiares ainda moram lá. No domingo, fui visitá-los e me falaram que o Bernardo estava lá. Tinha tempo que não falava com ele, queria encontrá-lo, fiquei esperando para ver se conseguia conversar com ele, o pessoal falou que ele estava por lá. Mas fui embora e ele não apareceu. Ele me ligou depois e disse o que aconteceu. Eu falei: “Tu é doido, Bernardo?!” Ele disse que ainda estava muito abalado e depois conversaríamos pessoalmente. Ontem (quinta), ele me ligou novamente e disse que não sabia porque meu nome estava envolvido, já que não estive com ele e soube (que era apontado como salvador de Bernardo) pela imprensa – afirmou Wellington Silva ao GLOBOESPORTE.COM, por telefone, na manhã desta sexta.
Criado e conhecido no Complexo da Maré, Wellington Silva disse que, caso estivesse com o jogador não teria problemas em ajudá-lo. Pelo contrário:
- Se eu estivesse, seria um prazer dar uma ajuda, ele é meu amigo. Mas eu nem sabia de nada. Estou assustado, pois me envolve em uma coisa de que não participei - garante.
Wellington Silva treinou normalmente nesta sexta
(Foto: Edgard Maciel de Sá)
Visivelmente nervoso com todo o caso, Wellington Silva garantiu
repetidas vezes que não encontrou Bernardo nem atuou como intermediário
para salvá-lo do poder dos traficantes.(Foto: Edgard Maciel de Sá)
- Não teve isso (conversa com traficantes), comigo nada, eu não estava no momento, soube bem depois, não falei nada com ninguém. Não o encontrei. Deu minha hora e tinha que voltar para minha casa, no Recreio. Fui embora e não vi o Bernardo. Ainda quero falar com ele pessoalmente. E acho que o problema não foi domingo nem segunda, e sim na terça-feira.
Segundo a polícia, os jogadores que estariam acompanhando Bernardo quando ele foi espancado no complexo de favelas da Maré, no último domingo, seriam Wellington Silva, do Fluminense, e Charles, ex-Cruzeiro, hoje no Palmeiras, ambos criados na comunidade. As informações da polícia dão conta de que Wellington Silva estaria na favela - e foi "chamado" quando os traficantes começaram a espancar Bernardo.
O GLOBOESPORTE.COM também conversou com Charles por telefone. O volante primeiro soou evasivo:
- Estão aumentando muito isso aí. Não foi nada demais.
Depois, mudou um pouco o tom e negou saber de algum problema:
- Não aconteceu nada disso. Não sei de onde está surgindo isso. Não estou botando a mão na cabeça de ninguém mas não houve nada disso. O Bernardo vai lá normal, a minha vida toda foi lá... ele vai lá de vez em quando, mas desconheço isso aí. Se teve algo, eu não estava, mas acredito que não porque fico sabendo das coisas. Se teve... não estou sabendo de nada.
Atletas terão que depor
Segundo informações da polícia, no último domingo, Bernardo foi sequestrado e agredido por traficantes dentro do Complexo da Maré. O motivo teria sido o seu envolvimento com Dayana Rodrigues, supostamente uma das mulheres de Marcelo Santos das Dores, o Menor P, líder do tráfico no local.
um dos executores da tortura (Foto: Divulgação)
Dayana levou sete tiros nas pernas, segundo a polícia, e apenas dois, de acordo com informação da Secretaria Municipal de Saúde. Depois, foi libertada e atendida no Hospital Santa Maria Madalena, na Ilha do Governador. De lá seguiu para o Hospital Souza Aguiar, onde passou por duas pequenas cirurgias e permaneceu até esta quinta-feira. O caso foi registrado na 37ª DP (Ilha do Governador) sob o registro de ocorrência 037-02705/2013 e está sendo investigado pela 21ª Delegacia Policial (Bonsucesso).
O delegado José Pedro Costa, titular da 21ª DP (Bonsucesso), intimou Bernardo e Wellington Silva a prestarem depoimento na delegacia. Além deles, a irmã de Dayana Rodrigues também será chamada.
Nenhum comentário :
Postar um comentário